Por que a América se chama América? Por que homenagear Américo Vespúcio se não foi ele o primeiro a pisar em solo do Novo Mundo e se tampouco era considerado o grande navegador da época? Para o austríaco Stefan Zweig, várias coincidências levaram a esse nome. Algumas delas absurdas, outras com certa procedência — tais como uma raríssima obra de apenas 32 páginas intitulada Lettera al Soderini, assinada por Vespúcio, que fazia referência às terras recém-descobertas. O pequeno livreto serviu de guia aos pesquisadores daquele período, de diversas partes do mundo. O tempo se encarregaria do resto. Passou a ser “A carta de Américo Vespúcio”, depois “A carta de Américo”, “O continente de Américo”, e daí para “América” foi mera decorrência. Outros autores não tiveram a mesma condescendência de Zweig. Alguns carregam nas tintas e não se inibem ao chamar Vespúcio de verdadeiro impostor. A verdade é que, ao contrário de outros navegadores, Américo Vespúcio (1454-1512) vinha de uma família que tinha acesso à corte de Florença, na Itália. Era um homem letrado, com conhecimentos de geografia, astronomia e cosmografia. Obteve boa educação, vivendo na França e na Espanha. Em resumo, era uma figura controversa. As polêmicas em torno de seu nome sempre se confundem em datas e localizações, chegando a ultrapassar os mares. Aportam até nós quando de sua passagem pela costa do Brasil, de São Paulo e da região conhecida como São Sebastião, assim denominada pelo navegador florentino Américo Vespúcio.
José Américo Câmera
José Américo Câmera é jornalista pós-graduado em Jornalismo Comparado Brasileiro, além de arquiteto. Durante vinte anos, circulou pelas grandes redes de televisão brasileiras como pauteiro, repórter, chefe de reportagem, editor, editor-chefe e diretor de jornalismo. Passou pela Rede Globo, Rede Record e Rede Manchete, atual RedeTV! Nessa época, ingressa paralelamente na vida acadêmica, onde leciona na cadeira de Telejornalismo, aos alunos do quarto ano.
No início dos anos 2000, deixou a capital e o burburinho das redações, fixando-se no litoral norte de São Paulo. Passou a se dedicar à arquitetura, mas sem abrir mão do compromisso com a informação. Manteve coluna semanal sobre arquitetura e urbanismo no Imprensa Livre, o mais tradicional periódico da região, e, em duas gestões, esteve à frente da diretoria de comunicação na prefeitura de São Sebastião. Nesta empreitada como tradutor, concentrou-se em dois propósitos. O primeiro, acrescentar parcas informações sobre a obscura passagem de Américo Vespúcio pela costa brasileira. O segundo, enaltecer Stefan Sweig, um dos mais renomados autores do século XX no mundo inteiro, lamentavelmente ainda pouco familiar aos brasileiros.
um memorial que narra detalhes que confirma a excepcionalidade do sujeito e sua densa biografia
Muito bom
Thiago
sábado, 24 de fevereiro de 2024
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